As veias tornadas paredes
na sumptuosa enseada
à prova de juras
abjuram o medo consular
a matéria funda que bolça
sobre a inocência.
A inocência,
ah!
como rima com incoerência
(a proscrita, hélas! incoerência)
como são remotos os paladares
as virgens que nunca o foram
as estantes destinadas ao vazio
as fábricas sem operários
um pouco
como aqueles comboios modernos
que viajam sem condutor.
As veias
congeminadas por dentro de vulcões
imperatrizes da sua própria lava
não se intimidam:
atirem-se os mastins a elas
para serem derrotados sem remissão
num remoinho nuclear que tudo dilacera
até a palavra estilhaços
banida do dicionário
banida das convenções outorgadas
banida de
banida de...
banida.
Os modos perderam-se
ainda a tempo
de serem desmentidos.
E todo o sangue devolvido às veias
tradução válida de um corpo inamovível
avisa os destemidos que tinham de o ser
contra a avassaladora tempestade sideral
o céu a fugir por entre os dedos da alma
e um copo de água
singelamente
derramado
para avivar as sementes
para memória futura.
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