Afinal
o elefante esteve
este tempo todo
no jardim zoológico.
Injustas foram as injunções
sobre o seu parco estatuto diplomático
em metáfora que mexia
com porcelanas de fino calibre
e salões onde solenes salamaleques
decorriam a preceito
– os senhores
pressurosamente
desfazendo-se em cortesias hipócritas
e as senhoras
contrafeitas
reprimindo fantasias nas ameias da mente.
Ao elefante
vítima de injustificada injustiça
devia ser reconhecido o direito de reparação
que hoje quadra tanto com os modismos
que às vítimas de outrora
assiste a reposição da justiça a seu favor
para que possam descansar
no sossego da consciência dos outros.
O mundo inteiro
(concessão ao rigor:
o mundo quase inteiro
que não se impetra o consenso forçado
tão próprio de um centralismo democrático
de má memória)
devia saldar uma interrogação:
como foi possível
passar tanto tempo agrilhoado
à metáfora do elefante na loja de porcelanas
se o elefante
tão paquidérmica criatura
nem sequer cabia na loja?
Ninguém
dera conta
que o elefante
não tinha saído do jardim zoológico.
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