Dizias
que o peito se enche de alma
quando a noite se disfarça
de um verbo que não esconde
o desejo.
Dizias
com o olhar desembaraçado
que as palavras emprestam o sal
que se tornou rarefeito
neste lugar composto por gente meã
neste lugar
onde todos calçam as galochas do videirinho
e afocinham no juízo sumário
à custa de ordenanças gozadas por preconceito.
Dizias
como se fosse preciso fazê-lo
que lugares destes são poços inválidos
cidades órfãs de mapa
idiomas que põem as pessoas a desentenderem-se.
Dizias
que estás cansado deste desentendimento
que toma partido dos vãos
e que extinguem os voos largos
que asas decepadas não deixam embainhar.
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