Desde o dia feminino
uma glicínia oferece as pétalas
perfumam a cama de folhas outonais.
A curvatura do corpo
fermenta na rebeldia dos elementos
como se apenas contassem
as paisagens retidas no olhar imorredoiro.
E depois
deixamos em palavras
o nosso festim
os beijos que as bocas incensaram
os corpos em forma de dádiva
semântica de desligamento
uma fábrica com a mão-de-obra insubmissa.
Esta é a fratura exposta
sem gesso como remedeio:
exposta
por não se esconder de segredos
e neles se tornar o magma fundo
dos próprios segredos.
Não contamos com prazos de validade
nem somos candidatos à angústia.
Os medos contam como candeias:
à sua custa
superamos as cordilheiras remotas
soubermos ser
poetas antes do próprio poema.
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