Risco as farsas
os mapas amarrotados
as vozes que contrariam o silêncio
e vou
pelas montanhas intrépidas
saltando os ribeiros que se agigantam
prometendo os dias sem crepúsculo
o miradouro a subir
desde as minhas mãos.
E não deixo o sono vingar
não quero ser
colónia de sonhos avulsos
simples matéria passiva à mercê dos sonhos
não deixo
que os atónitos passageiros da cidade
se amordacem na matéria invisível
ou que sejam apenas
peões
meros peões
numa aritmética acima das suas possibilidades
para se tornarem irrisórios números
condenados à decadência antes do tempo.
Arrisco
que não são profecias
estas aqui costuradas com a saliva da rebeldia
apenas
um desejo que se deseja
na primeira pessoa
do singular.
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