Coloquialmente
o vento fala com os dentes todos
mostra as unhas propositadamente por tratar
como se ensinasse
nos ensinasse
que a descivilização é que compensa.
Insistentemente
gatos com cio arrancam um fio à noite
lutam entre eles
masculinamente marcando coutadas
mesmo sabendo
que não será em vão a espera.
Propositadamente
afiam-se as facas
que a peleja pugna pelo sangue
desejavelmente o dos outros
que o próprio é alérgico a agulhas
que é o mesmo que dizer
só admite a batalha
se a der como vencida à partida
(se não, tomem-no como contumaz).
Idilicamente
o corpo enamora-se nos socalcos da noite
abraça-se a um seu congénere
cuidando de saber diferente do seu o género
e no feixe de luzes que se poetiza
sente o epílogo como campo de batalha
mas redime-se dos pesares
e proclama
oxalá as batalhas fossem com estas armas,
como estas armas,
e o sangue tivesse nome
noutra seiva.
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