5.12.22

O adro das intenções

Pelo fundo da garrafa

o pináculo da audácia

numa cordilheira de juras.

Amedronta-se o medo:

nem vulcões irascíveis

lobrigam o rapto do sono

nem eles

fermentam o desassossego militante.

Amedrontem-se

as estrelas cadentes

os astronautas de galáxias amancebadas

os regentes garbosos:

pelo fundo da garrafa,

que é onde sobra a valentia pura,

os dias chegam ao peito

e são eles que se afeiçoam

à lava incandescente

imparável

que sobe à boca

contra as vendas amestradas

os emissários do silêncio

os procuradores da tirania arrevesada.

Até que o fundo da garrafa

traduza a inteireza

apenas a inteireza

que não capitula 

às reticências oxigenadas

pelos apóstatas da liberdade

que não desaprendem de cuspir

no direito a ser 

que é o ser dos outros.

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