Sai dessa pele
no teu papel de sobrinho da esperança.
Pele
em vez de osso maduro
nem que seja em impuro esbracejar
a indulgência dos almocreves
a certeza dos infantes.
Sai da pele
que careces de corpo em nome próprio
esteta infinito
poeta antecipado
mecenas postergado
procurador dos muros sem pousio
assim achado numa clareira onde houve fogo
matriz promitente no denodo dos dias.
A pele que trazes tatuada
é candidata a estilhaço
mourejando nos flancos de um mar adormecido
depois do tumultuoso dia que o arruinou.
Sai da pele;
precisas de outra
e só não sabes que costuras serão suas
e a sua gramática sortilégio.
Não é de uma pele servil
o amancebado distrate em falta,
nas convulsões adiadas
que espreitam pela escotilha de um luar furtivo
luar eflúvio
que rima
com o flúmen onde teu olhar repousa.
Tua será uma pele subjacente;
ou uma pele herança
fruída num futuro sem data
à espera
sem a espera das contingências
como se num adro vazio
todas as estrofes levitassem
à espera de vez
à espera da declaração de autonomia.
Sai dessa pele
e encontra a Primavera
que se insinua nos poros suados
torna-te o trono dessa Primavera
e escreve
num papel feito de rosas
o teu nome a ouro
o teu nome
de ouro.
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