Os gólgotas exercem o seu pesar
antes que balanças sem fiel
cobrem um preço exacerbado.
São desta igualha
os mercados que não recebem leis
e quem neles afocinhar
não descuide a atalaia permanente.
Antes fosse assim a tinta
mister que não combina com a modernidade
que é algo que nunca deixa de existir
quando o tempo se dá a conhecer.
Outrora
os homens
(que se notabilizavam enquanto cavalheiros)
usavam chapéu
gravata exceto ao deitar
sapatos devidamente ensebados
fato de três peças
ceroulas invernais
(que fazia um frio de rachar)
e só davam azo à luxúria
em visitas a prostíbulos licenciosos
(como se esse fosse o momento
para terem autonomia
das algemas que os aprisionavam
dentro de um estar meão).
Agora
só o Espada é que se mantém
cavalheiro
fiel aos espelhos arcanos
que teimam em verter sobre o presente
a mantilha de um passado
que deixou de ter validade.
Às vezes
nas poucas vezes
que me desensimesmo
e pratico
a modalidade olímpica do arrependimento
sinto-me refém de duas metades iguais:
uma de mim diz que devia ser conservador
e a outra moderadamente progressista
– socialista, em tributo ao modismo
que já mexicanizou este lugar.
Teimosamente impuro,
continuo um contínuo ludita
de extravagantes prescrições do mundo.
Sem remédio
e de alma que,
de tanto errante,
já perdeu as estribeiras da salvação.
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