Abotoado o saber
o dia casava-se com os frutos silvestres
amortalhados entre os arbustos.
As mãos macias
diziam
que era de serenidade
que o entardecer se fazia
pressentindo o luar como dádiva
para que na sua luz demiúrgica
fossem os sonhos murados.
Sem saber
um motim interior açambarcou o cais
como se as amarras voejassem sem rédeas
ordenadas pelo vento castigador
e não houvesse chão
entre o corpo e o mar.
A convulsão enfureceu os verbos
e toda a gramática era errante
sem as alvíssaras de um sextante
à mercê do vento avesso que trespassava o rosto
povoando umas rugas mais
o pesadelo sem âncora
com guarida para morder fundo
até ao osso.
Mas era só isso
um pesadelo agitador
a conspiração dos vultos
escondidos nos bastidores
por coragem ausente
de mostrarem de que coragem (não) são feitos.
Apanhados os destroços
a contabilidade dos danos
pariu um rato.
Os pesadelos
não contam
no desembaraço
da alma.
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