Ascendo ao supor venal:
transijo com os rumores,
a flácida matéria
dos que deixaram de ser
vitais,
convoco os leilões das almas
as almas em pessoa
ou por procuração
(também serve).
Amarro os braços
a uma camisa-de-forças
a jaula de onde não apetece fugir
mesmo que exposto como animal
e de mim se diga
que foi merecido.
Nunca tive medo da humilhação.
Nunca soube ser das dores da insídia.
Ouve-se o vento martírio
o ciciar das flores que crescem
um vírgula dois centímetros por hectare
o ritmo compassado da pele hirsuta
e sabemos
sem termos sido ensinados
que é como se um tsunami
estivesse a bater à porta
e nós,
impassíveis,
à espera
só à espera.
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