7.6.23

Marcial sem arsenais

Ascendo ao supor venal: 

transijo com os rumores,

a flácida matéria 

dos que deixaram de ser 

vitais,

convoco os leilões das almas

as almas em pessoa

ou por procuração

(também serve).

Amarro os braços

a uma camisa-de-forças

a jaula de onde não apetece fugir

mesmo que exposto como animal

e de mim se diga

que foi merecido.

Nunca tive medo da humilhação.

Nunca soube ser das dores da insídia.

Ouve-se o vento martírio

o ciciar das flores que crescem

um vírgula dois centímetros por hectare

o ritmo compassado da pele hirsuta

e sabemos

sem termos sido ensinados

que é como se um tsunami 

estivesse a bater à porta

e nós, 

impassíveis,

à espera

só à espera.

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