Certeiro o rasgo
no reduto da torre de marfim
o selo escondido dos olhares indiscretos
como se da lã fizesse um disfarce
e a carne,
refugiada no labirinto arrematado.
Depois do mundo
tiro o dia para saber da cidade
dos urbanos desvios à conta de predestinados
correndo por fora sem estar no fio do invisível
provoco o cidadão inerme
refém da letargia
antes que as cismas corram de vez
com um escol em vias de perpetuação.
As lentes estão riscadas
baças com a humidade primeva
mas os olhos não deixaram de ter serventia
nem os circuitos cerebrais entraram
em modo de segurança:
à vez
os mascotes enfeitados com autorictas
medem as falas no mercado das juras fáceis
contam com suserania dúctil
presas fáceis da mitomania que amura a cidade
preguiçosamente no coldre dos mandantes
só à espera
de serem as balas descartadas
no tabuleiro em que são peões sem nome.
Esta é a torre de marfim puída
uma cortina de espelhos
o jogo no baile dia disfarces
um cortejo de meãos inertes, domáveis,
especialistas em tudo e sabedores de nada
os que são agitadores sem fazerem vento
apregoando sucessivas mágoas e logo a seguir
transigem com os que atiram culpas
num sórdido tribunal de culpados sem pena
e de juízes sem toga.
Não esperem da torre de marfim
um oásis.
Não esperem
que a indigência fermente a excelência:
uns são o espelho dos outros
e estes o espelho do escol sufragado
e quando tudo está nestes preparos
quem pode contestar o palco onde todos se movem?
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