26.6.23

O cidadão-ensaísta

Certeiro o rasgo

no reduto da torre de marfim

o selo escondido dos olhares indiscretos

como se da lã fizesse um disfarce

e a carne,

refugiada no labirinto arrematado. 

Depois do mundo

tiro o dia para saber da cidade

dos urbanos desvios à conta de predestinados

correndo por fora sem estar no fio do invisível

provoco o cidadão inerme

refém da letargia

antes que as cismas corram de vez

com um escol em vias de perpetuação. 

As lentes estão riscadas

baças com a humidade primeva

mas os olhos não deixaram de ter serventia

nem os circuitos cerebrais entraram 

em modo de segurança:

à vez

os mascotes enfeitados com autorictas

medem as falas no mercado das juras fáceis

contam com suserania dúctil

presas fáceis da mitomania que amura a cidade

preguiçosamente no coldre dos mandantes

só à espera

de serem as balas descartadas 

no tabuleiro em que são peões sem nome. 

Esta é a torre de marfim puída

uma cortina de espelhos

o jogo no baile dia disfarces

um cortejo de meãos inertes, domáveis,

especialistas em tudo e sabedores de nada

os que são agitadores sem fazerem vento

apregoando sucessivas mágoas e logo a seguir

transigem com os que atiram culpas

num sórdido tribunal de culpados sem pena

e de juízes sem toga. 

Não esperem da torre de marfim

um oásis. 

Não esperem

que a indigência fermente a excelência:

uns são o espelho dos outros

e estes o espelho do escol sufragado

e quando tudo está nestes preparos

quem pode contestar o palco onde todos se movem?

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