Lágrimas exaustas cobrem o rosto da angústia.
O dia é um sacrifício.
As pontes quebradas
não entram no condomínio da alma
despovoam as margens
deixadas a esmo na noite testemunha.
Feitiços inviáveis emparedam o sono
e o silêncio entranha-se no sangue,
nos ossos
à espera de se tornar a gramática imperativa
destronam a fala
em sucessivos golpes de solidão.
Podia ser um dia de tempestade
mas não passa de fingimento
a tempestade enquanto metáfora
ditando a convulsão insubmissa que agita
até os vulcões adormecidos.
Podia ao menos
ser um dia testemunha.
A angústia podia ser timorata
faça-se a encomenda
aos procuradores das intendências;
se não for para passar pela casa da partida
os terramotos crepusculares afeiçoam a carne
e tudo por dentro se subleva
subindo
ao promontório sempre ocupado pelo nevoeiro.
Oxalá fosse o suor
a percorrer as avenidas gastas
as sílabas encontrassem o seu tempo
e a agonia fosse a geografia dos outros.
Até cantar em coro com as aves na sua migração
e nelas saber o regaço
a petição do exílio.
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