13.5.24

Desfiladeiro

Em cada partida

as cinzas do futuro

a escotilha 

que esconde a janela

no pântano impróprio

o estremecimento 

onde findam os pesadelos

arcaicos. 

 

No paço que foge das vozes

o silêncio povoado de claraboias

irrompe com ferocidade

amotina-se com os punhais dormentes

no miradouro que espia as almas

incapaz de ser a sua própria 

atalaia. 

 

As juras são escombros

a decomposição anotada em ardósia

um gato a fugir do cão rival

as ondas desatadas na planta da piscina

ou a maré propositadamente baixa

o autógrafo gasto no chão possuído

pelos deuses arrancados 

aos tronos. 

 

Os garfos coreografados 

falam para a orquestra

não lhe dizem estar desafinada

os olhos desamestrados são peritos

em subjetividade

o mar imenso onde se esconde 

a hermenêutica que desaloja

o sentido único das palavras. 

 

Nos maios sucessivos

em véspera de um estio castigador

as malas são esconderijos

uma hibernação do avesso

antes que a frívola volúpia dos versos

contamine as mãos por inaugurar

o vento desassisado se amontoe

na garganta curada.

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