Os ossos falam pela manhã invernal
como violoncelos que arranham a dor.
O miradouro esconde o luar caiado
na penumbra dos versos destroncados.
Pela voz dos lobos furtivos
a rebelião encosta-se aos dedos.
Atravessam a parede bocas famintas
logram o seu mantimento no avesso da pele.
E os desajeitados deuses
insistem na alfabetização das almas puídas.
Sozinho no escafandro
teimo no colóquio do medo trivial.
Sobram as candeias gastas
a tradução da decadência sem costuras.
O grito mancha o estuque neófito
os demónios (já) não aconselham a juventude.
Sob a aparência de corpos
a ostentação dos envaidecidos mastins.
À mão do poema as sílabas inteiras
um dicionário da audácia completa.
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