Pedregosas as montanhas
a que mãos transidas se lançam
num dia sem sol nem noite.
Sem artes outras se não as mãos
às vezes trémulas
outras inteiras
outras sequiosas de um planalto inteiro
com o fito de repousarem nos pastos planos.
Dizia ser uma ametista cerzida
em águas leves
o produto da multiplicação das mãos ávidas
com a matéria sobrante.
O verde reluzente dos campos
oferecia a distância necessária
à distância do som das ondas do mar
(tão longínquo)
de onde se evoca a maresia dos búzios
estilhaçados contra as rochas erodidas.
E talvez não fossem de tal arte as coisas
em deitando a pulsão lunar
(em sucessivas convulsões)
aos paredões húmidos a voz dolente,
em desinspirado arremedo.
Encontrei uma maquineta sem uso
fóssil de ferrugem
que porventura
seria o desfecho das horas sem remédio.
A força braçal toda metida
nas engrenagens da máquina gasta
e um navio ascendendo os montes inclinados
enquanto dois corvos
terçavam simpatia com um coelho
à medida das botas rombas
que subiam ao sol impróprio
por demencial teimosia.
Achei-me do lado contrário da encruzilhada:
os diademas desordenados
e os cantos alvares de sacerdotes sem rosto
hasteavam bandeiras vincadas
à espera de um entardecer sem pressa.