As
mãos cansadas ditam o suor
em
erupções convulsivas.
As
mãos debatem-se em suas rugas
são
o espelho de um navio decadente
ocaso
que espera pelo tempo devido.
As
mãos velhas
protegem-se
das arestas vivas
da
convivência com as cinzas depostas
nos
canteiros vazios.
Vulcões
incandescentes
que
degelam glaciares inteiros,
fogos
ininterruptos que derrotam o torpor.
As
mãos servis
abraçam
a árvore centrípeta
cingem-se
à cintura fina que espera
um
abraço demorado
ou
um beijo que levite.
As
mãos com as rugas todas
são
um mapa gasto na lassidão do papel
uma
voz gutural e, todavia, em surdina
o
plástico tornear das marés vivas
que
teimam em adulterar as cores vivazes.
Mãos
destas
em
serena coreografia das palavras vitais
congraçam
o desgaste do tempo.
Mãos
cansadas e enrugadas
apaziguam
o temor pelo tempo exíguo.
Colhem
o sal do tempo
e
transfiguram-no em casas sadias
retemperadoras
templos
soalheiros à espera de quimeras.
E
o mar todo
refugiado
nas palmas das mãos.
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