13.7.16

Pé de dança

A dança sinuosa
no atapetado chão vítreo
levanta o ventre ao promontório.
Desengonçado
sem remédio
a não ser
mergulhar na negação
até convencido estar dos dotes
de dançarino.
Mas é tudo no seu contrário,
como a vergonha apascentada adverte
em contramão das gargalhadas de usura
no asfalto liquefeito do vexame.
O que importa?
Deite-se o corpo à música
deixe-se a música ser musa sua
remetam-se as injúrias à estética
para os pardais irrelevantes que adornam
os beirais do tempo:
que a dança
por sinuosa que seja
chama dançarinos
– e dançarinos só –
sem cuidar de saber se são
diligentes
capazes
e audazes.
O que conta
é o pé de dança
com o frescor do rio em contrafação.

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