16.7.16

Da minha janela

Da minha janela
a aurora que cicia os segredos.
Da minha janela
o vento húmido entrando
nos ossos.
Da minha janela
a paisagem fetiche devolve
o ardor em cadeiras arqueadas
sob o doce jugo do desejo.

Da minha janela
colho as flores balsâmicas
que vêm às mãos sedentas.
Da minha janela
deito o peito ao mundo
num relógio sem arestas
e proclamo a totalidade das coisas.
Da minha janela
deixo o tempo vagaroso
deixo-o ser um lago vistoso
onde o olhar se demora em contemplação
sem notar no desmaiar da luz.

Da minha janela
remoo os víveres maçadores
que memórias sem freio teimam
deitar no palco abraseado.
Da minha janela
povoo o porvir com pedaços de mel
e pinto as paredes com cores lunares.

Da minha janela
abro os braços inteiros.

Sem comentários: