(The Durutti Column, "Duet With Piano", in https://www.youtube.com/watch?v=6vfJf_SzthA)
Sazonais
pássaros deixam
cantos
rasantes nas paredes alvas.
Os
ombros pesam
como
se a neblina matinal
tivesse
o peso do chumbo.
Dizia-se
que os portões de ferro
eram
o logro de onde se punha vista
no
estuário de prata.
Mas
depois
uma
curva apertada
interrompia
os pés descalços.
Uma
curva apertada.
Depressa
as mãos tomaram cama no piano
e
arpejaram cores ciciadas
nas
gotas frias da chuva a destempo.
Tomara
que as retas não se juntassem
em
planícies sem fim
em
planícies à espera de searas fartas.
E
se os corpos se dão ao medo
ao
medo de curvas apertadas,
curvas
sem aviso
(curvas
ao acaso),
um
murmúrio quente depõe ao ouvido
da
mulher amada:
como
o mundo inteiro sobra
quando
as mãos se aconchegam
num
castelo de reis.
O
piano devolve a tapeçaria que terça
o
templo onde o tempo se demora
enquanto
as mãos se beijam em auroras doces
e
os amantes entram nos olhos recíprocos.
Ditando
palavras cheias
palavras
rios
e
palavras açambarcadas
o
ouro arregaçado em mangas rotas
e
a janela desembaraçada à espera do mar,
onde
o sentido maior segreda:
somos
nós
e
nós apenas
os
curadores dos campos
onde
se colhe o amor.
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