23.7.16

Torre bela

O arco melódico
entra no firmamento
sem supor franjas inertes
na tradução das inclinações serenas.
As pedras não estão encardidas:
todos os pés nelas passeantes
cuidaram de as tornar alvas
purificadas no desejo dos beijos
contumazes.

As pedras dançam
remexem-se
remoem com intensidade
os terramotos interiores
os que já tiveram tempo
e os que estiverem por vir.
É na torre bela
majestosa interpretação das almas maiores,
das almas que tudo compõem
com a prestidigitação dos singelos dedos,
que as paisagens se dilaceram
as lágrimas se enxugam em lenços vivos
os freios se libertam na magnífica orla da vida.
Na torre bela
onde a moeda que conta
é a fruição dos sentidos cunhados
nos mais preciosos metais
enfeitados com as flores macias
e com perfume embriagante.

Para
num êxtase
tudo se entregar ao altar
onde somos curadores da audácia
mestres na destreza
que é dobrar o braço ao risco
e às carantonhas que são imagem sombria
sem esteios terem,
porque não deixamos.

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