18.7.16

Sentinelas

Atravessamos as ruas de mãos dadas
o fardamento contra os atropelos
sem aviso.
Vamos ao encontro da âncora maior
onde deixamos o suor sem pesar
e ganhamos o tempo de volta.
Colhemos na pétala branca
o mapa de onde somos
e sabemos ser matéria que desconhecíamos.
Respiramos no fundo do desfiladeiro
as rochas duras sentidas nas mãos
nas ameias contra anjos fingidos.
Arranjamos as paredes cardadas
onde deitamos os corpos cansados
no ocaso que pratica a penumbra.
Não povoamos contrafações a eito
nem sequer como amostra
por sermos tutores do nosso devir.
Celebramos os esteios fundos
os cálices de onde bebemos
os lençóis cúmplices
os mastros irrefreáveis
o tempo que detemos em contemplação
as lágrimas que dão mote aos corpos 
entrelaçados
as feitorias de onde avistamos calmaria
as paisagens pintadas 
com a cor dos nossos nomes.
E concebemos,
pela plenitude que a nós vem
na avidez dos corpos inquietos,
a casa inteira de onde nos entronizamos
imperadores
com o selo do sol suado em sua solenidade.

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