7.7.16

Sem rédeas

Estrutural
o grito aberto
que sangra nas pedras alvas
ao cimo da escadaria dos pastores.
Passam os turistas
indiferentes.
Congemina-se a lua
nas imediações do entardecer
e os carros apressam-se
para o decesso do dia.
Dizia-se
que os sacerdotes rezam
noite e dia
pela jubilação das gentes
a matança das guerras
a fortuna das almas.
Indiferentes
os gritos sem rosto
esbracejam no forte mais alto
e deixam as migalhas da sabedoria
aos aprendizes meãos.
Não querem provações castas
nem boémias destravadas;
querem apenas beber a água da lua
quando ela se monta na sua roda grande
e o sol se some atrás do ocaso.
Para depois
treparem a escadaria alcantilada
e do promontório clamarem:
“e tu, ainda estás aí? Ainda estás aí?”
Sentam-se nas esquinas envidraçadas
trocam o ouro por pétalas frescas
juntam as páginas arrancadas
e tocam com os dedos no chão da lua.
E perguntam
outra vez
sem que a voz murche:
“e tu, ainda estás aí?”

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