Estas são as décadas
do sangue venal como escombro
das casas fundidas em nuvens plúmbeas
dos corpos transidos no precipício da noite.
As décadas
do impossível congeminar de verbos
do proibido véu que se arca sobre o peito
e
da imperturbável nascença da manhã
das janelas estendidas nos parapeitos do sol
dos archotes que emprestam luz
aos palcos desmontados.
Das décadas imberbes
dos rostos apenas laterais por falta
de intrepidez
da cábula dos sentidos
dos fingimentos arpoados em capuzes
da perfeita incapacidade de quase tudo.
Esperam décadas
firmadas no estirador virado a poente:
as décadas
que se não querem émulo
das décadas em seu frontispício perdido;
décadas
arrematadas às tenazes incompletas
o postal do tempo que dizima o arrependimento
e se compõe no pano mais fino
no linho leve onde tudo deixa de ter peso
no autocarro sem parar
que flui no impenetrável mister
da fortuna terçada nos dedos próprios.