O pente está gasto.
Cansado, ou gasto,
não sabe bem.
O espelho,
por igual.
Gasto pela demora
da silhueta que se fita
demoradamente
em arranjos melódicos
da beleza rarefeita.
E o cabelo ralo, frágil,
um arremedo do que foi outrora
(diz ao espelho).
Cansada,
a beleza.
Diz:
“prova-me que estou errado.
Prova!”
Não se sabe
a quem se dirige o repto.
Será ao espelho?
Não se é de fábulas
e dos espelhos não se espere
fala.
Será de alguém
adornando seus limítrofes
e, contudo,
não representado no quadro,
fora do olhar do espelho?
Não é possível saber:
fora de cena
como se não pertencesse ao palco
esse possível alguém
não tem voz.
Como o espelho.
Como não tem voz
a beleza
alinhavada na teimosia
(ou não,
apenas a beleza).