20.2.19

Telegrama

Ensaiamos. 
Montamos o palco. 
Tabulamos a pose. 
Desenhamos falas. 
Pausas. 
No meio de pausas. 
Articulamos os sentidos,
ao início, irregulares. 
Colhemos as pétalas.
De uma flor generosamente dada. 
Fingimos o sono. 
Abrimos o labirinto do medo. 
Uma constelação.
Um feixe de luzes que estilhaça a lucidez. 
Dormimos, afinal. 
Uma coreografia malsã.
Aos pares, na confusão da matilha. 
Escrupulosamente desorganizados.
Sem voz de comando. 
Ensaiamos. 
Pode ser que seja 
sobre o fingimento de um fingimento. 
Ou a cortina pesada que se arqueia
sobre os olhos. 
Hesitamos. 
Capitulamos?
Não, apenas hesitamos.
Devolvemos o sal vítreo.
Combinamos jantares.
As falas seguidas.
As falas.
Seguidas.
Ensaiamos.
Por enquanto.

Sem comentários: