Entrei no vértice do fogo
sem o medo prescrito
apenas a vontade em rima
talvez
com uma loucura inesperada.
Estes cometimentos
uma certa bravura inóspita
o fermento de uma rebeldia desatada
é mister que se abraça ao corpo
mesmo sabendo da rua sem saída
do eco persistente
a matraquear a advertência
, contudo, dissolvida.
É como ir a jogo preparado para perder
e mesmo assim
a ele atirar-me de cabeça
resoluto.
Sei sempre que, pelo caminho,
enquanto jogo os dados da imprevisível demanda,
e o ar rarefeito prova a acrobacia estulta,
pergunto um punhado de vezes:
o que tenho a perder?
Em perdendo o jogo
não perco ao que ia,
apurando o cálculo das probabilidades.
Sabendo que nada tenho a perder
(pois perder é já mais de meio caminho)
não aceito tergiversações
nem me intimido
com o resultado das probabilidades.
Em releitura do acontecido
intuo não se tratar de caso de loucura.
Não há memória
que no dicionário das palavras recitadas
intrepidez coabite com loucura.
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