O
sal cinzento veste as árvores
no
compósito outono sem memória.
As
pessoas interrogam-se:
que
origem tem o sal cinzento?
Será
do mar mestiçado
das
chuvas poluídas
dos
peixes adoentados
de
um navio à deriva
de
um vento transatlântico?
O
sal cinzento não tem sabor
(já
o documentaram habitantes curiosos).
Por
tentativa e erro
cientistas
rasuraram as hipóteses
com
ponto de interrogação no fim.
Estavam
azoados
cientistas
e gente comum
no
engodo do sal cinzento
que
não saliva sabor algum.
Uma
feiticeira proscrita
berrou
no meio da feira semanal
onde
os oradores encontram pedestal:
são
as lágrimas dos desafortunados,
entranham-se
nas terras
e
desaguam nos mares açambarcados.
Os
ventos
devolvem-nas
à copa das árvores
para
que ninguém se esqueça
das
mortificações suas e alheias.
E
o povo
sem
norte em que confiar
fez
de conta que tinha sido um sussurro
de
um pássaro migrante.
Já
se habituara a olhar
sem
o pasmo inaugural
para
o sal cinzento.
Fazia-se
constar serem cinzas,
restos
tão inertes
como
a decadência das ruínas.
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