Não
adianta
perseverar
na obra
se
os círculos competentes se encerram
no
bastião dos dogmatismos.
E
quem tutela os dogmatismos?
Gente
que
morde a palavra democracia
que
lambe a palavra tolerância
que
se estica, em bicos dos pés,
no
altar sublime do julgamento dos outros.
Gente
que,
ó
todavia,
apenas
morde e lambe e estica
sem
praticar o que as palavras encomendam.
Catedráticas
pulsões da subjetiva arte.
Não
entrar no círculo é fatal:
desmerecida
a obra
na
acutilância das recensões escondidas
em
hermética erudição,
sobra
a vastidão do nada
o
esmagamento ao nada;
mas
as sumidades falam no vazio,
palavras
estigma que apoucam a obra revista.
E
ai se ousas meter o baraço
pelas
ideologias erradas:
por
condenação liminar à anti-arte
esquece
os cardeais da publicação
(ou
esquece o sustento se achares que nela o acharás).
Pode
não chegar
para
a levitação artística:
é
só recusares os imperativos categóricos
que
rimam com imperativos ideológicos
não
andares de braço dado
com
os companheiros certos
nem
assinares os exatos abaixo-assinados
ou
não fazeres coro
com
a turba que educa as massas;
destino
o teu,
candidato
a artista,
traçado:
de
candidato não passarás
devolvido
à penumbra onde não medram criadores.
Pois
os tutores da estética
os
paladinos das artes
os
afocinhadores que retiram da merda
a
arte que interessa legar ao público
(ao
público ordeiramente instruído)
são
sumidades à prova de provas
bestuntas
presunções cognitivas
deformadores
das artes desde o pináculo da ideologia.
São
como os reses que afocinham
em
lamacento solo em demanda de trufas.
(Sabes
o nome dos reses, não sabes?)
Deviam
ir para a política
onde
se juntam os mesquinhos quase todos.
Oxalá
pudessem as cores das artes
desprender-se
de peias ideológicas,
sem
os freios que adulteram a sua exegese.
Em
assim não sendo
saibam
os que afiam a lapiseira
para
o lugar de candidatos às artes:
o
respeitinho às sumidades
é
condição primeira para o reconhecimento.
E
ai de quem soletre, pausadamente,
e-n-d-o-g-a-m-i-a
que
suas sumidades expelem indisfarçável fel
e
assinam a sentença fatal:
pois
que a quem assim acusa
não
é dado o respeito pelas sumidades.
A
maior das heresias!
Ato
contínuo:
o
ostracismo.
Esqueçam
que podem ser arte(s).
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