21.10.15

Por uma unha negra

Quase
como se todo o tempo fruísse
no nevoeiro ribeirinho
em manhã demorada.

As lentes embaciadas
conspiram,
a nitidez furtada pelos alvores matinais.
De que serve o arranjo das almas
quando as harpas desafinam
e os pássaros canoros
decaíram na rouquidão?

O estribo da paliçada
(onde os petizes esvoaçam algazarra pueril)
consome-se em sua fragilidade.
Daí por umas horas
– quando for ocaso
e o entardecer convocar a melancolia
– o fosso que trava o passo
ditará para a ata:
quase
quasemente:
pois tudo são projetos
que não chegam a desembainhar
resoluções.

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