22.12.15

Da chuva em terra seca

O cheiro a terra molhada
entra pela língua.
Remexe os sentidos
que rumorejam,
em alvoroço.
Meto as mãos na terra
levo os dedos ao nariz,
como se fosse escanção
na diligência da imensidão.
Os dedos sujos
perfumam as árvores tingidas
pelas imberbes gotas de chuva.

Húmidos,
atiram incenso
contra as paredes de papel.

Os braços robustos
decaem na prostração dos sentidos.
Sem saberem onde tomar lugar.
E o odor regressa ao sortilégio
da fresca terra molhada.

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