2.12.15

Os trabalhos de Montezuma

De cá de baixo
empilhados uns sobre os outros
os muitos trabalhos à espera.
De cá de baixo
pareço um grão de areia
no sopé da montanha.
Pode ser que a preguiça
consuma o tempo último.
Pode ser que não haja luzes radiantes
a povoar o porvir.
Em sabendo que a inação é timorata
devolvo-me aos trabalhos em espera.
A montanha não atemoriza.
E ainda que labirintos haja
nos alvores da empreitada
o amanhecer dissolve as tergiversações.
A montanha soergue-se
alta
tão alta
que sobe acima do que o olhar alcança.
– Mas isso são outros quinhentos,
segredo àquela parte que lobriga
o punhal que desfeiteia a bruma madraça
que embacia as mãos.
De hoje para amanhã
a empreitada terá um começo
– um recomeço,
corrijo, ato contínuo.
A tão alta montanha não assusta.
Ela embebe a medida de todas as medidas:
um cálice de doce vinho tardio
e as palavras encorajamento,
o incentivo maior.

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