Aviões
quase estratosféricos
e
depois aeroportos apinhados.
Navios
mercantes
e
marinheiros indiferentes.
Estradas
sem fim que povoam desertos
em
automóveis decadentes.
Balões
cheios de hélio
e
paisagens tomadas nas minhas mãos.
Os
comboios tonitruantes
e
estepes que ficam para trás.
As
fronteiras
as
fáceis e as impossíveis.
Os
meses todos em roda viva
sem
calendário à imagem curta.
A
chuva tropical
e
as neves eternas nas montanhas.
Nos cantos todos do mundo:
os pássaros gaiatos
as avenidas vazias
as águas de cores diferentes
a gastronomia extravagante
os idiomas e as cores de pele
as camas onde o corpo repousou
as xícaras de porcelana ao pequeno-almoço
as senhoras simpáticas dos museus
o trânsito caótico
e a planura sem gente
os meninos em corrupio
a gente que calça pé descalço
os relógios avariados
as fumarolas vulcânicas
e a terra enegrecida
a noite frenética
e a noite sem gente
os garfos pousados no prato vazio
os copos bebidos
as páginas que já não são brancas
mercê das palavras amontoadas.
As
chaves para o mundo inteiro
aconchegado
na
pequenez das minhas mãos.
E
tudo
sem
sair do teu corpo.
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