17.12.15

Elipses

As pedras solitárias
são como garfos no meio de uma mesa
abandonada.
As pedras pontiagudas
punhais celestes que tiram o sono
do asfalto.
As pedras desordenadas
corpos férteis, miradouros
estremunhados.
As pedras chãs
comportam-se como lordes ingleses
em pecaminosos desvarios.
Vejo as pedras voadoras
os cilindros quentes enterrados no jardim
as nuvens acobreadas
a vozearia de cantores que se acham cantores
e mais pedras
esventradas ou ancestralmente intactas
e o granulado que delas se solta
a compor as sobrancelhas do ancião.

As pedras
têm muito a dizer.

(Houvesse quem lhes perguntasse.)

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