Trazia
as mãos molhadas ao peito
com
sede de o arrefecer.
Foi
assim
enquanto
duraram as tempestades
enquanto
pesadelos furtivos caiaram
as
paredes do sono.
Receava
que a alvorada
fosse
uma partida sem chegada
que
pedras grotescas mortificassem o peito.
Parecia
que
o chão tinha a quentura de um vulcão
e
toda a aderência dos pés
se
derretia na lava ácida.
Mas
isso
foi
no tempo das tempestades irrefreáveis.
No
tempo
em
que as alvoradas tinham a forma
de
penumbra
os
ossos doíam num desfalecimento
e
o sono era contumaz.
Agora
subo
ao promontório,
ao
mais alto de todos,
e
levo comigo a inteireza que sou.
Sou
capaz
de
ver a alvorada
por
entre a noite medonha.
Sou
capaz
de
decantar as palavras malditas
meditar
sobre os sobressaltos espúrios
raptar
da maldade a maldade toda.
Agora
abro
o peito inteiro
ao
vento frio que desalinha os cabelos
no
mais alto promontório.
De
onde vejo,
com
o olhar de lince,
os
antúrios a medrar
o
rio a escorregar para a embocadura do mar
as
neves teimosas atapetando os sopés
um
falcão em suave coreografia
o
vulcão com a lava arrefecida
e
ao longe
o
fumo das chaminés
desdizendo
o frio invernal.
E
sei,
agora,
quando
descer ao casario
ter
nas portas entreabertas e nas janelas
um
trunfo que derrota intempéries
por
dentro.
Sei
que
não há ideias desarrumadas
nem
zeladores da inverdade
a
furtar as flores coloridas
que
compõem a planície.
Pois
sou eu que as tutelo
dia
e noite
protegidas
contra sabotagens.
Agora
de
dentro do peito
gritam
as palavras belas.
E
agora,
por
entre as portas entreabertas
e
as janelas oportunidades,
sou
rei do reinado reposto,
sem
dar conta às cinzas embotadas.
Agora
apenas
o ouro da coroa do rei
e
os dedos de veludo
em
récita generosa.