Os
objetos animados.
Cores.
Uma
crisálida de palavras.
A
clepsidra dá as horas.
A
voz radiofónica proclama as novas
(as
boas, as más e as outras).
Não
é em vão que as mãos se dão.
E,
ainda assim, é o olhar que diz tudo.
Substitui
as palavras.
Que
o olhar não se esconda
atrás
de um biombo.
Os
ângulos diferentes.
E
os objetos inanimados.
Palcos
onde se movem
enquanto
nuvens esparsas
dançam
acima do olhar.
As
cores transfiguradas ornamentam o cenário.
Os
dedos tecem-se entre as texturas
entrelaçam-se
no calor estival dos corpos.
As
mãos
as
mãos suadas
dizem
o que as palavras entretecem.
Os
biombos são espinhos pétreos
obra
terçada contra a modéstia.
Por
isso,
as
mãos levantam-se
em
preces pagãs que convocam
o
fado atilado.
Exoneradas
as trevas
mercê
dos bons ofícios da purificação.
Os
objetos todos
deitados
numa pauta
em
forma de notas musicais.
Primeiro,
rarefeitas.
Depois,
em
crescendo
numa
orgia de sons que povoam
arrebatamento.
Um
piano imaginado.
E
um pianista de circunstância
que
salta da audiência e oferece préstimos.
A
intempérie
esmaga-se
contra o parapeito das lágrimas
mistura-se
com elas.
E
elas
dissolvidas
na chuva abundante
encarecem
as palavras volúveis.
Pode
ser
que
as mãos suadas
acabem
em volúpia.
E
os corpos abraseados
façam
subir as montanhas
e
os rios caudalosos,
até se deporem no púlpito do deleite.
até se deporem no púlpito do deleite.
Na
televisão
correm
imagens disformes.
Enquanto
a penumbra derrota o dia
e
os corpos cansados tirocinam vagar
há
por todo o lado
rostos
sorridentes
rostos
sombrios
mãos
frias
corpos
arqueados
gente
triste e gente alegre
e
os gatos abrigados que ensinam
o
vagar.
Os
objetos coreografados pela melodia
deslizam
com amenidade;
dir-se-ia
não
deixam rasto no chão da sala.
Os
olhos prostrados assistem.
Digerem
as imagens dos objetos em sua dança
e
da dança dos corpos adestrados pela volúpia.
À
noite
quando
o sono tiver lugar
já
nada disto tem império.
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