Seriam
vultos
efémeros
palavras
furtivas e negras
fantasmas
uma
serpente colérica.
Seriam
medos
a embaciar o sono
semeando
sonhos plúmbeos
o
corpo atamancado num túnel
ou
nu no meio de nada
com
vergonha de tudo.
Medos.
Das
coisas difíceis
que
por difíceis são tomadas.
Guarda-chuvas
lilases e rotos
uma
rosácea apodrecida
sem serventia.
O
mar parado
com as ondas em greve
árvores
estéreis
o
arco-íris despojado de cores
e
a madrugada
numa
litania que coalesce.
Os
números em desordem
desarrumando
o pensamento.
Gatos
ciciando o medo da água
e
a água ausente em estio fora de época
tendo
por baças as lentes do tempo.
Mas
dos medos soergueu-se
o
medo deles.
O
que faria mais sentido:
a
consumição dos medos
ou
meter um medo de morte
aos
medos todos?
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