19.1.16

Tentativa do bem

Por um lado
os autores da boa moral.
Desconfio.
Uma moral fica rasa de bondade.
Uma moral,
ao querer ser moral,
esvazia-se de bondade.
Mas
– e depois –
por que precisamos de bondade?
Por outro lado
as leituras que decifram
a antítese da bondade.
Instintos maus
maldade perversa
malvadez militante
e pessoas a sofrer.
Não
não se recomenda a maldade.
Mas não nos defendamos
com sermões bolorentos
invocando o fungo da bondade.
Deixemos o resto à semântica;
a uma reinventada semântica:
pois talvez
seja apenas uma questão de demarcações,
o bastão da maldade
derrubado pela generosa bondade
(mas até podia ser ao contrário).
Sobra
o estalão dos conceitos
e a profusão de juízes dos demais;
coisa desnecessária,
em remate de ideias.

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