Tomo partido.
Cubro as culpas sem tirania
e os tiranos assobiam bandeiras gastas
enquanto assento as fundações não amestradas
o temível contrabando do amanhã
em facas dóceis encavalitadas no respirar,
o húmus arrancado com as mãos
que ao rosto vem hibernar.
Insisto na métrica sem alma.
Perdoo as últimas gotas da chuva
na esplanada ausente
por entre a luz tímida
e as cores desembaciadas do homérico esbracejar
um martírio ao acaso
astuto.
Consigo no jejum dos pecados
a tinta contumaz que percorre as linhas
ilidindo as páginas dissolvidas
troando a fala funda
na feroz incontinência da fala que não se jura
e depois
ao acaso
arrumo as flores arrancadas ao arrasto do dia
à sua implacável maré
e sou o compositor singular
da maré contida no meu peito forte.
Os adiamentos esperam no cais.
Esperam
enquanto a chuva é a barragem incómoda
aluvião inteiro na intermitência do verbo venal
e ao medo roubo o sono irrepreensível
na macieza da pele herdada nos dedos.
Uma luta desigual
no amparo das extremas onde os iguais se tecem
e a lógica insubstancial fixada na parede
levitando o seu ardor
o músculo combustível
irrompendo contra a mentira estilizada
nas varandas da fala sem diferenças.