Os nomes não eram surdos.
Plantados contra as ervas daninhas
cresciam pelo mosto do orvalho
desmentindo os oráculos sombrios.
De cada vez que vinham à boca
eram resgatados ao desaparecimento
e ficavam a adejar sobre a impossibilidade
como se fossem elixires à mão
irrecusáveis convites para ladrões de almas.
Na contingência da estrada sem noite
marcávamos os olhos com areias vivas
e sabíamos
que um destes dias os frutos colhidos
dariam conta da nossa safra.
Até lá
jogávamos os nomes contra os estilhaços do dia
amparados pelas mãos invioláveis
e pelo verbo
que só as nossas bocas sabiam entoar.
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