Lá fora
novembro tardio.
De uma árvore à espera da nudez
o outono repara
no grasnar de uma ave.
Já anoitece
a uma hora gentil no Verão.
Não se enlouquece
nas cortinas desamparadas
que são a estiva do dia.
Seja o isco da temporada invernal
a hibernação fingida no temor das tempestades;
tanta embriaguez dos elementos
joga-se contra a pele impreparada
e as varandas medem a estultícia dos homens.
Não sei da torre de Babel.
Às tantas
anda perdida no estômago de um labirinto
e as vozes que emudecem
podiam ser portadoras de tanta tinta;
mas os vultos
querem ser perenes
ornamentar os sonhos
esperar
pelas preces ditadas por combinações improváveis
enquanto os peixes fogem do isco
e das uvas quase podres
se lobriga um vinho de paranças singulares.
Desajeitado
não me proponho à dança.
Quisessem outras artes
(murmuro
sem disfarçar o esgar de ironia).
Se atravessarmos o canal
medindo o peso de cada onda
deixaremos em doação uma parte de nós.
Desminto o novembro farsante:
as páginas estavam perdidas
a meio da ferrugem que tingiu as palavras
e a mudez passou a ser critério.
De mim não escutarão
palavras exangues
oráculos imprecisos
o leite diuturno em cabazes de pele
estrofes desarrumadas na tirania da métrica
juras sem filamento
ou almocreves em desvario.
Se a estas desmodas me dou
sei que de mim não se espera hipoteca.
É o que o novembro a destempo
ajuramenta.
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