O relógio das parecenças
só sabe falar com metáforas.
Mal se afunda
num dezembro sorumbático
desfia um rol de provérbios
até a linguagem ficar exangue.
É da cepa dos gongóricos
– esses aspirantes à erudição
farsantes de um conhecimento pronto-a-vestir.
São parecidos
e não sabem ser
mais do que isso.
Suas não são as páginas escorreitas
eles apenas lagares do lugar-comum
verbo repetido
no espelho em que não são eles
a imagem devolvida.
Se fossem filhos de si mesmos
seriam os primeiros parricidas.
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