O céu temperamentalmente outonal
cospe sombras sobre o avesso da noite.
Vozes efémeras casam-se com a distância
esmaecendo a caminho do silêncio.
A cada minuto
há não-sei-quantos praticantes da mentira
não-sei-quantos mentores do passado
não convencidos que o tempo segue para o futuro
não-sei-quantos mortos nas estradas
não-sei-quantos embriões logrados
no sexo interrompido.
As páginas dos livros incendeiam o vento
enquanto esperam
que a noite recupere o seu lugar.
Alguém diz
tenho medo dos sonhos
tenho medo
que pressintam o pesadelo
em que se torna
a vida.
As pessoas querem o seu exílio
por fora do perímetro puído que as expropria.
Querem
um futuro de poesia
em vez do pesadelo contínuo
através das assinaturas de jornais
e noticiários televisivos e seus ademanes
– profetas da malquerença
e oráculos de utopia.
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