16.4.23

Didascália

Emparedado pela memória

como se os remos

arrumassem a maré contrária

e tudo no dia 

fosse a simetria do esperado.

 

As flores deitadas nas jarras

ficavam para memória futura:

 

logo que as pétalas ficassem maduras

e o embaraço 

se congeminasse na eira

os relógios dariam voltas atrás

e a inveja do futuro seria a rua deserta

aquele lugar a que ninguém ia

 

nem que governos ciosos 

malbaratassem

subsídios inúteis.

 

Emparedado pela memória

na intuição dos dias

devorados em rapsódias circundantes

a pele ateada no areal

abraçada ao sol ecuménico.

E um instante que se demora

à espera que o futuro 

seja um juramento.

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