Epicentro;
as furnas levitam o magma
das almas sem paradeiro.
As folhas das árvores
derruídas pelo Outono
apreciam o ocaso
o fusível para as cores adulteradas
em movimentos desorganizados
de sindicatos sem certidão.
Diz-se
outra vez
sem saber se é por recusa
ou como hospedeiro da rotina
sem sequer intimidar
os diseurs.
Abandona-se o lugar
deixado vago aos bancos ausentes
os bancos que podiam ser de bancos
se ainda houvesse jardins.
A matéria viva
toma conta do sol
fermenta a carne incindível
demorada no crepúsculo efémero.
Os cardumes pressentem-se
o mar é a sua morada
e não há pesqueiros no perímetro
nem um matança no fio do horizonte.
O ultraje
é afim do arrependimento
não se pode cativar a hipocrisia nos outros
sem cair na indigência
de não se reconhecer hipócrita.
O sal tempera as cicatrizes
põe as feridas à prova.
Não é provação à medida
ou à desmedida encomendada:
o sal
é a alma mater das cicatrizes
o incentivo
para tantos serem mineiros.
De todas
a pele de pêssego
cobra os impostos diferidos
e sabe-se
é a exemplar seda que cobre os corpos.
Na véspera
o medo era apenas
uma intendência.
Fingia-se não saber
a linguagem do medo
fingiam-se
exílios em grutas sem mapa
em vez de almocreves desossados
irrompendo contra as palavras párias.
Era assíduo ouvir
por vezes
como se dizer
por vezes
fosse a promessa que faltava
para colorir os dias vindouros.
Se houvesse
um matadouro dos lugares-comuns
não seriam de sangue
os seus vestígios.
Mas não haveria operários,
ou uma autofagia dilacerante
cortaria tudo a eito
em pequenos estilhaços
de nós sobrando um ermo infecundo;
o precipício habilitado
para as vias de extinção.
Formulário coloquial:
aceitam-se a concurso
todas as fragilidades
as inventariadas
e as que esperam
em reserva;
num concurso de males
vence o que for de menor
estatura.
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