O conciso dia
abriga-se da escuridão campeã
junta o vento razoável
e armadilha os precipícios esperados.
Serão os nomes avulsos
os senhorios das almas desemparedadas
serão eles
a fabricar as convulsões apátridas.
Hoje
só quero ser herege de todas as verdades
repatriado para um lugar zero
onde tudo pode ser contado
desde o início.
As nuvens foram desenhadas por esquilos
e só falta saber o nome do arquiteto.
Talvez as nuvens escondam nomes
e os estendais onde ganham cor
esqueceram-se
de se avivar com as cores precisas.
O murmúrio ganha peso
dissolvendo o silêncio da madrugada.
Nos cafés
onde as pessoas se despedem do torpor
a louça frange, estridentemente:
é de propósito
que o dia depressa se apressa
e não há melhor cafeína
que o estrondear das chávenas.
Os sinais anestesiam a fala
a derradeira instância da inércia
obrigada à derrota
pela roda-viva que não tarda.
Vai começar a grande farsa.
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