Sobre o xisto como cama
a cisma debate-se
no lúgubre lugar das dúvidas.
E nem todo o petróleo que jorrasse
deitando os imperativos por fora
seria transcendência venal
em jogo de espadas.
Porventura
um fado obscuro destituía
a ventura projetada em cabais sinecuras
com propósitos recomendáveis.
Os números pares eram arestas vivas,
crucifixos selando pungência
na carne aberta;
dor mais pungente
seria a devolução a um ímpar número.
Os joelhos magoados
diziam de cor as ruas por onde ir.
Um comboio veloz descompunha o vento
e os arbustos mirrados sua farta vegetação
bolçando a pressa
com que se consome o tempo.
Mas a casa cheia
não quer apressados compassos
não quer pressentimentos
que aprisionam a candura
não quer o indócil gorjeio de palavras
desafeição.
A casa cheia
– por cheia ser
para cheia estar –
repõe na vizinhança do nada
os ossos suados que calcinam
os esgares poluídos
as obnóxias fadas-madrinhas
que, afinal,
são o oráculo de madrastas
com a mesma lente comezinha
que trava os feitos que ficam em memória.
A música passa devagar,
arrasta-se no faminto céu da boca
emprestando os ingredientes sóbrios
à primavera que não destoa.
Não importa que o xisto seja leito.
Não importa que seja pétreo,
desconfortável,
bilhete transacionando um castigo
ou um tapete cheio de espinhos
ou uma escada anã povoada por deuses despidos:
no xisto rugoso
terei meu olhar em proteção
contra as ardilosas cauções
que deixam ver no retrovisor
o olhar faminto dos mastins disfarçados.