Uma miríade de cabeçalhos
as palavras como faróis
saciando-se na volúpia das sílabas.
Os cais secos preparam-se
para serem o chão atapetado
onde discorrem as palavras salivadas
os bustos da improvável fecundidade
em promessas seladas
com o granito como haste.
Passam as horas
e as nuvens pesam no mesmo lugar.
O gelo que arde
deita-se no património repatriado.
São lagoas de águas paradas
os feixes por onde fogem as palavras
por todos os lugares
em seus malditos prantos
as invisíveis lágrimas nos suados vitrais.
Despedida a noite
no trono estilhaçado por um cometa errante
recolho do chão os corpos derrotados.
Esforça-se a manhã
no desembaraço dos estivadores da alma
e rejeita as promessas bebidas
em cálices de ouro.