Não é meu canto o piano
nem são as mãos
teclas brancas e pretas
que desenham uma melodia.
Não é meu, o canto.
O piano convoca minhas mãos;
fossem adestradas
e as notas sobrepostas
refugiadas no canto da memória,
em fermentação contínua,
resultariam em pauta diligente.
Mas não são minhas mãos
feitas para pianos.
Não sei da leitura de pautas.
Contento-me
com as teclas percutidas
as sonatas que substituem paisagens
as composições que remedeiam
os deuses sem lugar
contento-me
em ser ouvidor.
Sei, ao menos,
das melodias desenhadas
a rima precisa, prodigiosa,
para o sortilégio de um verso.
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