Desta transpiração
não levo nada.
Água
água perdida
no imponderável bocejo de raça
com que degraus inteiros se consomem.
Pudesse contemplar os poros exsudados
pudesse anotar as gotas desprendidas
em visão de câmara lenta
e autopsiar cada gotícula
como investigação da origem
do sal transbordado pelo suor vertido.
Da transpiração
prometo tudo.
Os cometimentos ímpares
a valentia que é poço sem fundo
as páginas a eito, devoradas,
o linóleo onde se deita o sono
os vícios trespassados.
Do suor remediado
o peso farto
esforço
um jogo jogado da frente para trás
no inverosímil projétil atirado à lua.
Convençam-me do contrário.
Convençam-me:
da estéril proeza emoldurada
notário perene das implausíveis olheiras
da facúndia sem tradução
dos beijos sem lábios a preceito
da posse resumida ao vento entre os dedos.
Convençam-se:
o suor é sal não rarefeito
penhor dos poros não contidos.
A exalação das excrescências
na devota purificação do corpo.
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